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O modelo ecosuicida dos economistas segue incólume



Hugo Penteado 
Autor do Livro Ecoeconomia - Uma Nova Abordagem (2003)

A linearidade do sistema econômico é decorrente do seu erro epistemológico. O sistema econômico é submetido a um crescimento exponencial infinito, num planeta finito. Além disso, é um fluxo linear: extrai, produz, consome, descarta. A economia como ciência quando estava para ser criada tinha duas opções: copiar o corpo científico da Física ou a Biologia. Alfred Marshall defendeu a Biologia, mas foi voto vencido. 

A Economia até hoje é uma irmã siamesa da Física,  que 240 anos atrás era regida pela Mecânica Clássica. Todos os axiomas e princípios de conservação da teoria econômica são mecanicistas.  A Mecânica é perfeita para solucionar problemas da nossa realidade, mas jamais deveria representar um sistema complexo e vivo como a economia. 

Mecânica é a ciência da locomoção. Basta saber posição, massa e velocidade e tudo é definido.  O pecado mecanicista da teoria econômica faz os economistas, acreditarem nos seguintes absurdos: (1) O sistema econômico é neutro para o meio ambiente. (2) O meio ambiente é inesgotável. (3) Todos os processos econômicos são totalmente previsíveis e irreversíveis. Várias derivações desse erro epistemológico definem a mania de crescimento e o amplamente usado conceito do PIB. A PIBmania de crescimento. 
O bicho da economia é muito estranho: não tem nem boca, nem reto. De onde vem os recursos e para onde vão os resíduos pouco importa. 
Esse bicho só tem sistema circulatório e poderia existir em qualquer planeta, Júpiter ou Marte, e nenhuma das conclusões teóricas mudaria. A lista é infinda, mas eu posso passar um trator nas florestas, basta dar marcha-ré que nada aconteceu. Reversível. 

Isso tem repercussão desastrosa no sistema de preços: o custo de transformar a Amazônia ou qualquer floresta em monoculturas é zero. Como o planeta é inesgotável e os economistas entendem que o planeta é um subsistema da economia,  não há um balanço sobre os recursos da vida entre as gerações atuais e futuras, até porque elas nem nasceram ainda para reivindicar seu quinhão na Terra. Além disso, defendem que o capital produzido pelo homem (máquinas, equipamentos, etc.) são um perfeito substituto da natureza e seus serviços. 

Toda essa esquizofrenia está ligada à ganância de uma elite reduzidíssima, atendida por essa pseudociência. Segundo os epistemólogos, a Economia é a mais clientelista de todas as ciências e exibe o maior desrespeito entre seus pares. 

Albert Sabin, que descobriu a vacina, nasceu em 1906, no mesmo ano que Georgescu. Sabin não foi ignorado, Georgescu sim. Mas ele previu com precisão o que ia acontecer, muito antes das constatações sobre clima, perda de biodiversidade e outros sinais de problemas causados pelas atividades humanas. Georgescu escreveu em seu livro em 1969: Se a economia crescente do descarte imediato dos bens e do desperdício continuar, seremos capazes de entregar a Terra ainda banhada em sol apenas à vida bacteriana. 

A humanidade não faz nem mossa à vida bacteriana e a conclusão de Georgescu foi confirmada pelos biólogos e paleontólogos. 

Stephen Jay Gould escreveu sobre o sexto processo de extinção em massa de espécies animais e vegetais atualmente em curso: "É muita ingenuidade achar que essa extinção não se voltará contra os causadores."  Ou seja, a espécie humana. 

Os números dessa extinção são avassaladores. Não temos muito tempo.  

Num artigo de Paul e Anne Ehrlich de 2015 os cientistas estimam que já dizimamos metade de toda a vida na Terra nos últimos 40 anos. A redução drástica das populações de seres vivos, como insetos, é tão grave quanto a extinção per se. A outra metade será em prazo menor, porque essa destruição e extinção tem se dado, como tudo na economia, em escala geométrica.  

Hoje somos capazes de contar perdas de espécies por minutos através da destruição contínua de ecossistemas. 

A cada dia amanhecemos com menos ecossistemas na Terra. 

A cada dia amanhecemos com ideias miraculosas de sustentabilidade, mas nenhuma delas interrompe essa destruição e sequer inclui a restauração de ecossistemas onde for possível. 

Na Amazônia não é. O solo mais pobre do mundo sustenta uma floresta autotrófica que, uma vez morta, irá se transformar em um imenso deserto, assim como aconteceu no Saara, com os berberes e tuaregues pondo as árvores no chão. A diferença é que no tempo deles levou milhares de anos, no nosso só décadas. 
Para um economista uma árvore só tem valor quando derrubada ao chão.

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