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Pensar fora da caixa é importante, mas não sem a coragem para abri-la.

Julio F. Campos

Pensar fora da caixa pode ter várias conotações; aprender com seus erros; estar disposto à adquirir novos conhecimentos, mesmo que conflitantes com o previamente estabelecido; ampliar os horizontes.

Independente do contexto uma constante se mantém, a quebra de paradigma, do próprio modelo mental que o mantém preso à zona de conforto do dia a dia.

Essa ruptura não vem fácil, sobretudo para aqueles que têm seus conhecimentos enraizados como crenças imutáveis e sofrem o efeito de Dunning-Kruger.

Efeito Dunning-Kruger: Falta de auto-conhecimento: Como as dificuldades em reconhecer a própria incompetência levam a autoavaliações infladas.


E a história nos ensina as consequências de se ater ao conforto do status quo quanto em face de situações que demandam inovações extraordinárias na mentalidade pessoal.

Uma mudança fundamental de pensamento, que ressoa até os dias atuais e mudou as relações interpessoais de forma irreversível definiu o destino de nações no final dos anos 1930.

A preparação e eclosão da Segunda Guerra Mundial pela Alemanha nazista colocou a Europa em uma situação crítica face à um inimigo entrincheirado por fortes barreiras ideológicas focadas na necessidade de manutenção de sua alegada superioridade.

Isto é história, nada de novo.

No entanto um fator comum, presente na mentalidade mundial da época foi crucial não apenas para a definição do conflito, mas para o futuro das relações interpessoais nos anos seguintes.
O papel do povo.
A ideologia nazista tinha clara que o povo deveria existir e atuar para a manutenção das características que faziam a Alemanha o país do futuro ariano,com um papel específico para as mulheres, produzir descendentes dignos e aptos à herdar o país.

Entretanto há que se lembrar de que de forma não muito diferente nos demais países o papel das mulheres também estava substancialmente relegado às atividade caseiras e familiares, conforme a mentalidade usual do período.

Então a guerra eclodiu e este modelo foi desafiado.

Para a Alemanha, o papel de diferentes membros da população era específico, cabendo à cada grupo uma atuação determinada na estrutura econômica, papel que não foi desafiado, sobretudo para manter junto ao povo a ilusão de normalidade durante o conflito.

Para os países inicialmente resistindo, no entanto, especialmente os integrantes do Reino Unido e posteriormente os Estados Unidos, logo se tornou claro que uma ação transparente junto à população seria fundamental para evitar a derrota e manter a esperança na vitória.

Assim, em oposição à mentalidade alemã de preservação da moral da população e na contra mão do até então aceito como ideal, a guerra foi apresentada ao povo em toda sua realidade e a solução, crucial para a vitória, foi a inclusão de toda a população no esforço de guerra, independente de classe social.

Ao manter a população ciente dos eventos esta pôde participar de forma mais engajada no esforço de guerra. E ao tirar as mulheres de suas casas e colocá-las nas fábricas onde eram necessárias, um exército foi recrutado para apoiar a luta e construir os armamentos necessários.

Eventualmente a Alemanha, vendo que a realidade dos eventos não podia mais ser mantida longe da normalidade alemã também chamou seu povo para à luta, mas era tarde demais. Danos em infraestrutura, falta de treinamento da mão de obra e a baixa moral face à iminente derrota anularam os esforços feitos.

O aporte deste exército civil junto com a definição clara do problema sendo enfrentado foi crucial para a vitória aliada na guerra, mas trouxe suas consequências.

Ao verem seu poder de mudança, muitas mulheres não ficaram animadas a voltar para suas rotinas caseiras.

Ao ter acesso de forma inédita à realidade da guerra, o povo não quis voltar à comodidade de suas discussões corriqueiras.

Ao verem a destruição moral causada pela da mentalidade racial, as relações inter-raciais começaram a mudar.

Como consequência tivemos o plantio da semente que permitiu a atual realidade social que luta pela igualdade e contra a repetição dos eventos do passado.

Ao se tornar pessoal a guerra tornou-se real. Ao se tornar real, as diferenças entre classes, sexo, cor, religião se mostraram irrelevantes em face de um inimigo sério, concreto e inaceitável.

Os aliados tiveram a coragem necessária para aceitar mudança em suas relações sociais, mesmo que inicialmente por um breve período, saindo vitoriosos e abrindo suas caixas para uma gama de possibilidades que moldaram os dias atuais.

Os nazistas engessados em seu modelo mental de relações sociais e econômicas foram derrotados.

Mas e a Alemanha? O custo do colapso a jogou para fora da caixa confortável em que existia e, aprendendo com seus erros, hoje é uma das principais potências mundiais em áreas que fariam os nazistas se revirarem em suas tumbas.

Atualmente enfrentamos uma nova guerra. Uma guerra contra valores há muito arraigados em nós mesmos e cujas consequências já estão aparentes nas diversas formas de respostas do planeta às nossas ações inconsequentes sobre os ecossistemas.

Com o risco da Terra Estufa visível no horizonte, vamos continuar na defesa de uma mentalidade irracional e insustentável e deixar o planeta nos jogar, literalmente, para fora da caixa e dentro dos registros fósseis da história?

Efeito Terra Estufa segundo o qual acima de 2C de aquecimento nosso futuro estará exclusivamente à mercê do planeta.


Ou vamos inovar nosso modelo mental e fazer algo enquanto ainda (?) é possível?

Cabe aos princípios éticos e morais individuais decidirem.



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