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A Prostituição dos Sustentáveis

Julio F. Campos

Desde 1972, o mundo está discutindo os problemas ambientais. Por que ainda estamos lutando com os mesmos problemas? Por nenhuma solução palpável ainda não foi implementada? Apesar de toda propaganda por ações corporativas sustentáveis, onde são os resultados? Com todo o conhecimento acumulado, por que a sociedade não está se movendo em direção a uma maneira sustentável de ser?
São questões inconvenientes que escondem uma verdade inconveniente.  

Neste artigo, o perverso motivo subjacente será apresentado levando o leitor a visitar o outro mundo da sustentabilidade.

Ao lidar com questões e preocupações ambientais e de desenvolvimento sustentável em nossas vidas, aqueles que estão preocupados com a atual situação socioambiental do planeta estão cada vez mais desconfortáveis com a posição dos autoproclamados "profissionais da sustentabilidade".
"Por que os profissionais responsáveis pela sustentabilidade estão fazendo isso tão devagar?"
Para responder a essa pergunta, uma realidade subjacente deve ser exposta, já que, sejam corporativos, consultores ou auditores, o principal foco diário desses profissionais é garantir as necessidades das corporações, cujas práticas ambientais sustentáveis se concentram primeiro em seus resultados econômicos, sendo desenvolvidas somente enquanto não afetam a rentabilidade da empresa, ignorando propositadamente os problemas reais no desenvolvimento sustentável.
"Por que uma pessoa que escolhe o ambiente como profissão de dobraria à esses interesses?"
Dinheiro e status. Enraizados e desesperadamente ligados aos seus egos e salários, confortavelmente sentados em seus aconchegantes escritórios isolados da realidade, eles apenas se preocupam com as carícias que os egos receberão dos seus pares demagogos.

Procurando ativamente por novas oportunidades de negócios, eles estão sempre presentes em eventos dedicados a discutir a "sustentabilidade", mas não estranhamente projetados para conectar interesses econômicos e nunca discutindo criticamente as soluções para os problemas que devem estar resolvendo.
"Por que os profissionais da sustentabilidade não podem ver o que está errado?"
Surpreendentemente, enquanto proclamam a necessidade de multidisciplinaridade como principal qualificação para trabalhar no campo da sustentabilidade, devido à ausência absoluta da característica solicitada, ignoram completamente os conceitos mais básicos de teorias ambientais e sociais.

Na crença de que seus títulos pseudo-acadêmicos fornecem o conhecimento necessário, o que vemos são profissionais que nunca desenvolveram um estudo fora de sua formação original. Portanto, temos administradores que buscaram formação complementar em sustentabilidade aplicada a negócios, economistas buscando sustentabilidade para economistas, advogados buscando certificações de direito ambiental.

Além do fato de que não é uma formação multidisciplinar, sem a qualificação adequada o profissional é restringido por uma mentalidade estreita com base em um conhecimento distorcido, incorreto e incompleto do assunto.

Como consequência do dinheiro-ego-ignorância, ao buscar soluções para problemas socioambientais, eles criaram um palco teatral cujo único propósito é lançar véus sobre o fato de que eles apenas procuram evitar que seus negócios percam sua lucratividade.

Presos aos consequentes conceitos arcaicos e irrealistas sobre como atuar de forma sustentável, recusam não só ouvir a crítica de suas ações suicidas, mas também, no topo de seus títulos corporativos de executivos, diretores, gerentes, consultores, auditores de " sustentabilidade ", sentados nos tronos dos seus MBA fajutos, julgando-se oniscientes sobre o assunto ignoram seus erros flagrantes.

Ineptos de ver a realidade além de seus escritórios, sua prostituição hipócrita em relação às questões socioambientais seria irrelevante se fosse apenas suicida. Infelizmente, a cadeia de eventos iniciada por suas atitudes irresponsáveis vem derramando suas consequências em toda uma estrutura socioambiental externa à corporação, causando danos irreversíveis, muitas vezes com consequências letais para aqueles que nem mesmo possuem relação com a corporação.

Amparados em padrões e frameworks "ambientais", concebidas para melhorar a rentabilidade, apresentam aos pobres consumidores crédulos e ignorantes suas vazias ações de sustentabilidade, enquanto mantém o status quo de suas operações.

Infelizmente, os profissionais acadêmicos que deveriam apresentar as soluções necessárias expondo a fraude perversa da sustentabilidade corporativa, também se preocupam apenas com carinhos em seu ego através de publicações de artigos, incompreensíveis para o público, deixando o conforto de seus escritórios apenas para receber suas carícias em eventos não diferentes daqueles das corporações.

Entre a corrupta prostituição corporativa e a zona de conforto dos acadêmicos, temos uma população cada vez mais ignorante dos problemas que estão chegando para seus filhos e netos no longo prazo, como doença, fome, guerra e miséria. Tragicamente, os descendentes dos míopes "profissionais de sustentáveis”, bem como os acadêmicos acomodados, também fazem parte desta população. 

A consequência trágica da posição confortável da academia pode ser vista no nicho, por ela aberta, de pseudocientistas que usam argumentos coerentes, pelo menos para o público cientificamente 
analfabeto, para criar popularidade em questões que vão desde a negação das mudanças climáticas até a "toxicidade" das vacinas, uma crença de que já está resultando em mortalidade infantil assustadora por doenças que devem ser erradicadas. 

Mas a academia míope se preocupa que suas publicações complexas em periódicos respeitáveis são mais necessárias que o esclarecimento do público. 

Poucos, fora do mundo corporativo, gritam para ouvidos moucos na prostituição de profissionais de sustentabilidade à medida que corremos a toda velocidade para o colapso de nossa sociedade.
"O que é apresentado como uma proposta de sustentabilidade é real?”
Uma das questões mais cruciais que alguém da área ambiental poderia ser capaz de responder falha em deve ser respondida, novamente devido à falta de qualificação / interesse. Como resultado, muitos profissionais ou estudantes, embora ignorantes de questões de sustentabilidade devido a uma base de conhecimento limitada, aplaudem catastroficamente ações corporativas disfarçadas como sustentáveis, incapazes de olhar o quadro inteiro e chegar a uma compreensão real do que veem.

 Já outros, embora bem intencionados, são levados a defender causas ambientais irrelevantes na atual crise em que estamos. 

Infelizmente, pouco a fazer. A luz no final do túnel proposto pela sustentabilidade corporativa não é mais do que a locomotiva do progresso que nos levou ao caos que estamos hoje. 

Os acadêmicos, confortavelmente sentados com seus títulos acima da população, dificilmente consideram oportuno entrar na discussão e destruir o embuste apresentado pelos "profissionais de sustentabilidade", embora sejam os únicos com a base de conhecimento para fazê-lo. 

Enfim, há aqueles poucos que estão dispostos a enfrentar a luta em ambas as frentes, esperando que outros sejam encorajados a agir sobre o problema real que enfrentamos antes que seja tarde demais.


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Comments

  1. Perfeito. Eu vi isso perfeitamente bem na época do Banco Real que tinha uma proposta de mudança que nunca chegou a lugar nenhum. Capitaneada pelo Fábio Barbosa, infelizmente esse trabalho não só sempre voltou a estaca zero, como não tem nenhum resultsdo positivo para mostrar até hoje.

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